sábado, 12 de outubro de 2013

QUE VENHAM OS VIAJANTES TRINTA E QUATRO! AMPLIANDO A CONSCIÊNCIA



Em setembro de 2013 fiz uma viagem para São Paulo – SP. Como algumas pessoas já sabem, eu gosto de fazer algum tipo de comemoração pelo meu aniversário em outubro, e este ano eu adiantei a experiência.
Sempre acreditei que viajar fosse uma forma de gerar novos aprendizados na vida e esta crença tem se solidificado cada vez mais. Entrar em contato com outras culturas nos tira da nossa percepção restrita e acostumada aos nossos próprios padrões.
Sim, nos acostumamos com o nosso mundinho e ele passa a ser nossa única verdade, o que não significa que isso seja bom ou ruim por si só, mas de fato é apenas uma entre milhares de outras formas de ser e estar no mundo.
Mas é necessário que estejamos abertos a experimentar e sentir...
Experimentar São Paulo em comemoração aos meus trinta e quatro anos, foi uma ampliação de consciência. Teço aqui apenas algumas impressões dentro da minha limitada experiência e do meu limitado modo de percepção. Não busco fazer referências verdadeiras nem tampouco científicas ou políticas.
A primeira coisa que me impressionou na cidade foi o metrô, uma cidade subterrânea, que fora dos horários de rush funciona muito bem. Sem sombra de dúvidas, muito mais desenvolvido do que o de Belo Horizonte. Isso me fez pensar o quanto a nossa política mineira não tem interesse no desenvolvimento desse transporte coletivo, provavelmente por causa de outros interesses políticos os quais eu não conheço, mas posso imaginar que envolve grandes empresários e muito dinheiro (é só pensar na tal da BRT em BH). Já na hora do rush em São Paulo, os paulistas vivem contradições semelhantes as nossas, pois há uma insuficiência do transporte para os milhares de habitantes da cidade.
Contradições vão existir em qualquer lugar que você escolha viver. E eu me perguntei e ainda me pergunto: como ter uma vida coerente mesmo em um contexto contraditório?
Outra observação da viagem foi a respeito dos trabalhadores paulistas. O atendimento deles, em diversos estabelecimentos de base, é muito melhor do que o atendimento dos mineiros. Parece que os paulistas trabalham mais dispostos ou alegres. Talvez lá as pessoas vejam o trabalho como uma forma de crescimento e por isso dão o melhor de si mesmos. A impressão que eu tenho dos mineiros é que eles vêem o trabalho como uma forma de sobrevivência e de subserviência, o que talvez os faça menos dispostos e humorados para a atividade. Além do que São Paulo é uma cidade que culturalmente valoriza o trabalho e que tem um perfil competitivo mediante uma oferta gigantesca, o que também me pareceu ser um dos motivos relacionados a qualidade dos serviços.
Pensando nisso, também faço referência a qualidade da comida nos restaurantes. Até o suco de morango e de tangerina foram os melhores que eu já experimentei até hoje. Lá eu comi a melhor comida japonesa da minha vida. E conversando com meus parceiros de viagem, discutimos sobre o quanto isso gera uma outra contradição, pois acaba elevando o nosso nível de exigência ou talvez de preferência, sendo que moramos em um contexto que oferece um padrão menor de qualidade, no geral. Pelo menos eu tenho o consolo de gostar de cozinhar e cozinhar bem, ter amigos que cozinham maravilhosamente, além de ter algumas boas referências de ótimos restaurantes mineiros com custos razoáveis.
Outro lugar que fiquei maravilhada foi a Livraria Cultura, com três andares de livros, materiais de áudios e afins. No final de semana as pessoas vão para lá como passeio. Muitas crianças adolescentes e adultos, pegam livros e sentam no chão para lê-los, passando horas lá dentro. Fica sempre cheia de pessoas, algumas preferindo tomar um delicioso café. Encontrei lá um simbolismo da valorização paulista pela leitura e conhecimento, não como uma simples obrigação de estudante, mas como um prazer. E fico pensando: como podemos transmitir para nossos descendentes a perspectiva da leitura e do conhecimento como prazer? Da minha parte tento incentivar meus priminhos e sobrinhos sempre presenteando-os com livros.
Sempre que compramos algo, da padaria até a livraria, os caixas nos perguntam se queremos recibo com CPF. Ao questionarmos o que significava, eles explicaram que esse recibo cai no registro do Imposto de Renda dos paulistas, servindo como abatimento do mesmo. Vejam como o sistema de IR deles é avançado, considerando não apenas quesitos limitados como saúde e educação para a redução do imposto. Mais uma vez vemos avanços político-econômicos que favorecem a sociedade paulista e que estão longe de acontecer para os mineiros.
A última experiência que gostaria de relatar foi minha “noite cubana”. Fomos a uma casa noturna de música cubana. Conheci um britânico com quem dancei e conversei sobre vivências no exterior. Nossa conversa foi tão interessante quanto a dança, pois ele é uma pessoa de uma mentalidade muito ampliada, já morou em outro país e hoje viaja o mundo transmitindo idéias, informações, pesquisas e práticas em sustentabilidade. Relatou a importância que sua experiência no exterior teve em sua vida e me incentivou a viajar como forma de construir novas experiências e ampliar a percepção da vida. Conhecer sua perspectiva de vida me fez compreender ainda mais como as nossas experiências em outros contextos e culturas podem nos ajudar a ampliar nossa percepção e melhorar nossas posturas no trabalho e na vida.
São Paulo ampliou minha consciência em todos esses sentidos. Não, eu não quero ir morar lá apesar de todo meu encantamento! Ainda amo Belo Horizonte. Eu acredito que as verdadeiras mudanças precisam ocorrer internamente e não externamente. Conhecer novas culturas nos oferece novos pontos de referência os quais podemos utilizar para termos uma melhor crítica sobre onde vivemos e sobre onde podemos chegar e também favorece uma reflexão sobre como podemos trabalhar em nossos contextos para favorecer seu crescimento. São Paulo me ajudou a redefinir e reforçar minha necessidade de ter novas experiências e aprendizados através de viagens e vou colocar essa proposta de vida sempre como parte da minha agenda. Que venham os viajantes Trinta e Quatro!
Adriana Freitas




5 comentários:

  1. Ei Drika!! Delícia de aventura! Experimentei SP por seis meses, nunca estive num lugar com tamanha oferta de programas culturais 'acessíveis', isso era o q eu mais gostava naquela 'selva de pedra', rs... experimentei o metrô, sempre no horário de pico, lembro q não precisava andar, pois eu era arrastada pela multidão, era interessante isso, kkk... distribuí poucos currículos e rapidinho meu tel começou a tocar, e não parou mais, com duas semanas estava trabalhando, eles realmente valorizam o trabalho... tb gostava da comida, parece q tudo que eles fazem é bom... e lembro de ter a sensação de que os paulistas estavam a uns cinco pontos na frente dos mineiros em termos de cultura e inteligência, hehe, não sei porque... mas ler o seu texto me fez voltar no tempo e reviver ótimos momentos q passei lá. Que bom que compartilhou essa experiência!!!! Morro de saudade e pretendo ir a sampa visitar um casal de amigos ainda esse ano. Mas como vc, tb prefiro BH!!
    Bjão! Gabi

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  2. Ah e tinha a Fnac Pinheiros, outra livraria enorme. Costumávamos ir no sábado e as vezes ficávamos o dia todo lá! Fantástico!!

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  3. Ei Gabi! Que bacana sua experiência em SP. Fico feliz em ver que a minha pequena impressão é compartilhada por vc que já teve uma maior experiência lá! O bom é que podemos voltar lá sempre e explorar mais a cidade! Obrigada pela sua contribuição de sempre! Bjs querida

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  4. MUITO LINDA SUAS DECLARAÇÕES, UMA VERDADEIRA CRÔNICA. NÃO SABIA DESSES SEUS DONS DE ESCRITORA. PARABENS BJS CARINHOSOS

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  5. Oi Dario! Que bom ver vc passando por aqui! Obrigada pelo comentário! Forte abraço

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